Tudo aqui será baseado na minha vivência e jornada com a terapia cognitiva-comportamental. Pra eu chegar onde quero, vou precisar voltar no tempo e fazer uma introdução. Me chamo Stephanie Costa da Silva Mariano, tenho 24 anos e aos 19 eu fui diagnosticada com Síndrome do Pânico.
Mas, de verdade? Acho que eu já estava doente há um bom tempo. Assim como muita gente, eu relutei BASTANTE pra começar a fazer a terapia cognitiva-comportamental . Sabia que algo estava meio fora do comum comigo, mas aceitar que não está bem e que precisa de ajuda não é fácil.
Falei várias vezes “não preciso ir em psicólogo, não sou louca!” e sempre ficava brava, na defensiva e chorava. Como eu disse, fui diagnosticada aos 19 mas, esse papo de terapia começou aos 17.
Em 2015, quando eu tinha 18 anos, mesmo não querendo, fui fazer terapia. Não é sempre que a gente vai se dar bem na primeira tentativa, não sei se fiquei 3 meses com essa psicóloga, só sei que com ela não rolou. Além disso, eu não estava aberta a mudar e me cuidar, eu ia com texto pronto e ela (eu acho) acreditava.
Parei a terapia, entendi que eu não estava bem, mas, ainda era muito orgulhosa pra aceitar ajuda. Perdi amigos, minha família não entendia o que estava acontecendo (eu muito menos) e me fechei pra muitas oportunidades e pessoas.
No final de 2016 eu realmente aceitei que eu precisava de ajuda, fui de coração aberto em outra psicóloga (spoiler: vou nela até hoje). Sendo assim, ela me perguntou porque eu estava lá, comecei a chorar e disse “porque eu tenho medo de tudo” e essa foi a primeira vez que eu realmente consegui admitir o que sentia.
Foi doloroso começar, mas, eu não aguentava mais viver como eu vivia e me sentir como eu me sentia. Justamente por isso sempre tento incentivar as pessoas a se cuidarem, o que eu passei não desejo pra ninguém, não acho que nenhum ser humano merece isso.
Entre meus 17 e 21 (quase 22) não me lembro de um só dia que eu não sentia com medo ou que eu não me sentisse ansiosa.
Já hoje, conheço meus limites, os gatilhos e sei controlar a ansiedade, que são raros os momentos que me sinto ansiosa. Então, vale a pena!
Eu demorei pra aceitar que estava mal, demorei pra aceitar fazer terapia, demorei pra aceitar que tinha Pânico. Enfim, demorei pra aceitar que o tratamento não seria fácil, mas, aos poucos fui aceitando e tudo foi melhorando.
Quando tenho um momento ansioso, aceito a realidade do momento e faço os exercícios que aprendi em terapia. Tudo isso me fez pensar sobre o tabu e o preconceito que existe sobre Saúde Mental e psicoterapia.
Por que temos dificuldade em aceitar que tem algo acontecendo na nossa cabeça?
Em qualquer doença física somos mais empáticos, tomamos remédio, vamos ao médico e nos cuidamos. E se não estamos doentes, nos prevenimos comendo bem, fazendo exercício, fazendo check ups e etc..
Mas, e se eu te contar que a terapia cognitiva-comportamental não é só quando estamos mal e que ela funciona também como prevenção?
Você não precisa estar doente pra ir ao médico, você vai pra ver se está tudo bem. Por que com a terapia seria diferente?
Existem vários outros fatores que a terapia pode nos ajudar como: aceitação, amor próprio, stress, mentira compulsiva, insegurança, problemas no elacionamento/trabalho/escola/família ou até mesmo se uma pessoa próxima não está bem e você quer entender melhor o que está acontecendo.
Mas é aquela coisa, a terapia só funciona quando nós estamos abertos a isso, a ser vulnerável, a mexer na ferida e a aceitar melhorar por e para nós.
Somos humanos e temos emoções, é importante aceitá-las e aprender a lidar com elas, cuidar da saúde mental não é só ser positivo, tudo o que sentimos é válido. Aceitar que não estamos bem e que precisamos de ajuda é uma forma de respeito conosco.
Ninguém gosta de sentir medo todo dia, ou ter crises de ansiedade frequentemente. Portanto, entenda o que está sentindo e se cuide.
Outra coisa bacana nesse processo é ter alguém que você confie, que te apoie é maravilhoso e ajuda demais. Seja uma amizade, um par romântico, um membro da família. Às vezes a gente só quer um abraço silencioso. Tá tudo bem não estar bem.
O processo depende de cada um, começar não é fácil. Mas, depois que já deu um passo dá um alívio.
Cada um tem o seu tempo, o meu processo com a terapia cognitiva-comportamental demorou. O que eu sentia diariamente era medo, durante 5 anos não lembro de um dia que não sentisse isso.
Entretanto meu processo demorou por falta de coragem, tinha medo de qualquer coisa, desde as coisas comuns do dia a dia até coisas que nem em filme você vê. A ansiedade misturada com o medo cria histórias e situações mirabolantes o que causa uma briga entre o emocional e o racional.
Certamente eu tinha plena consciência que 99,9% das coisas que eu imaginava não eram reais e não iam acontecer. Mas, chegava meu emocional no pé do ouvido e falava “E se acontecer?”.
Treinar esses pensamentos é um mega processo e precisa de coragem e tempo, além disso, tem a “lição de casa” da terapia.
Por exemplo: Eu tinha medo de sair sozinha, minha lição de casa era todo dia ir até o portão, depois até a calçada, atravessar a rua, dar a volta num carro, ir até a esquina e ir aumentando o trajeto.
Parece bobo, mas, eu demorei meses pra conseguir iniciar isso. É um processo diário e precisa de coragem e paciência, se eu lembro como me sentia nesses treinos eu fico mal. Quando eu mudo o meu olhar e reparo na minha evolução eu choro de felicidade.
Naquela época jamais imaginaria que eu seria capaz de estar fazendo o que faço hoje ou até mesmo de ser quem sou hoje. O processo dói, mas vale a pena, eu sei que sozinha eu não conseguiria.
Nessas horas que além do apoio de alguém, nós precisamos de um profissional na terapia cognitiva-comportamental pra nos ajudar com o processo e encontrar a melhor maneira de se cuidar, respeitando o seu corpo e os seus limites.
Independentemente de como esteja a sua saúde mental, terapia é puro autoconhecimento. Saber quem sou, onde estou, pra onde vou, o que sinto, o que me permito sentir. O que eu quero e não quero, o que gosto e não gosto, meus limites e minha flexibilidade. Porque ajo e reajo de um jeito, porque penso de tal maneira e todas as outras questões sobre nós.
Quando a gente se conhece tudo fica mais fácil de entender, as coisas começam a se encaixar e a fazer sentido. Hoje faz sentido porque fiquei doente, por como o meu Eu interior é e pelo o que está à minha volta.
Minha criação, as minhas amizades, as crenças limitantes que foram impostas ou criadas com o tempo e etc.
Além de se conhecer e se entender, você passa a se amar mais. A gente muda a todo o momento, todo dia é bom pra se conhecer!
Tom Jobim diz “ É impossível ser feliz sozinho” e totalmente discordo disso, se você é feliz sozinho você consegue ser saudavelmente feliz com outras pessoas.
Sabe as coisas que você mais gosta de fazer?
Sair pra comer, ir ao cinema, correr no parque, comer pizza assistindo Netflix, sair pra beber?
Tenta fazer isso sozinho, um passeio seu e pra você.
E o mais legal, tenta fazer isso off-line, sem postar, sem conversar no whatsapp. Aproveite seu tempo e sua própria companhia.
Você é seu e ninguém vai te conhecer, confiar e te amar mais que você mesmo!
Gostou do Depoimento da Stephanie?
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