A TPM ou síndrome da tensão pré-menstrual (STPM) é um distúrbio neuropsicoendócrino que atinge a mulher na fase reprodutiva gerando alterações físicas, psíquicas e sociais, ocorrendo na segunda metade do ciclo menstrual, e desaparecendo nos primeiros dias após a menstruação. A TPM é responsável pelo comprometimento dos relacionamentos e da produtividade da mulher, afetando o ambiente familiar, social, escolar e profissional. Existe ainda o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), que é a manifestação aguda da TPM.
“Fico tão irritada, que nem eu me aguento! É um sentimento tão ruim, um aperto no peito. Tenho vontade de quebrar as coisas, pra ver se extravasa essa irritação. e me atrapalha também no trabalho, minha paciência cai a zero!!! E não sei o que fazer, tento me controlar, mas é muito difícil!!!”
Pesquisas apontam que aproximadamente 80% das mulheres em fase reprodutiva, demonstram sintomatologia no período pré-menstrual, e 3% a 5% apresentam sintomas de forma aguda interferindo no dia a dia ou no trabalho. A TPM tem início em média aos 26 anos, com tendência a piorar ao passar do tempo. Quadros depressivos (incluindo a depressão pós-parto) ou tendência genética para transtornos de humor favorecem o desenvolvimento da TPM.
Ainda não foi encontrada a causa da TPM, mas muitos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome. Acredita-se que sejam os ovários a disparar o processo, resultado da interação entre os hormônios produzidos por eles na segunda fase do período menstrual, com a endorfina e a serotonina que, por sua vez são responsáveis pelo controle do humor e das emoções. Baixos níveis de serotonina podem favorecer a redução do prazer e da sensação de bem-estar, assim como o desenvolvimento da depressão pré-menstrual, fadiga, compulsão alimentar e distúrbios do sono.
Entretanto, ainda que todos os ovários tenham o mesmo mecanismo de atuação, efetivamente, nem todas as mulheres desenvolvem a TPM. Logo, fica aqui uma gama de perguntas não respondidas sobre o porquê de certas mulheres apresentarem inúmeros sintomas correlacionados com a interação dos hormônios, enquanto outras não. A teoria mais aceita atualmente propõe que o motivo dessa diferença esteja nos diferentes níveis de sensibilidade das mulheres em relação a essa interação, apresentando assim sintomas que outras não manifestam.
Questões psicológicas como o estresse e/ou distúrbios não causam a TPM, mas certamente colaboram para o agravamento dos sintomas da síndrome pré-menstrual. Além disso há fatores como:
A TPM é classificada em quatro categorias: A, C, H e D, considerando a predominância dos sintomas. Mesmo assim, essa classificação não é regra, sendo que uma mesma mulher pode desenvolver sintomas de mais de um tipo de TPM.
TPM – A: descrita por comportamento ansioso, irritadiço, tenso ou mesmo agressivo. Considera-se o tipo mais comum;
TPM – C: definida pelo aumento do apetite, compulsão alimentar (com favorecimento a ingestão de doces), cansaço, cefaleia e palpitações;
TPM – H: crescimento súbito do peso corporal em até três quilos, inchaço das mamas, dor e distensão abdominal;
TPM – D: a menos comum, é descrita pela prevalência do choro fácil, distúrbios do sono, confusão mental e depressão.
A sintomatologia da TPM é diversa, classificada por sintomas físicos e psicológicos, surgindo geralmente surgem de 5 a 10 dias antes do período menstrual.
A TPM desenvolve inúmeros sintomas físicos, sendo:
A TPM ainda afeta diversos fatores psíquicos, como:
Em um período de doze meses a mulher precisará apresentar na maioria dos ciclos ao menos cinco dos seguintes sintomas:
A terapêutica utilizada no tratamento da TPM varia conforme a gravidade dos sintomas apresentados, e normalmente é multidisciplinar (onde mais de um especialista atua). Logo, o melhor caminho para lidar com a TPM é uma atuação interdisciplinar (onde mais de um especialista trabalha de forma interligada), com aplicações medicamentosas, alterações nos hábitos alimentares e comportamentais.
O uso de medicamentos é especialmente indicado em casos onde a sintomatologia da TPM esteja se apresentando de forma aguda, interferindo amplamente no dia a dia da mulher. Nesses momentos, geralmente são prescritos antidepressivos como:
A pílula de uso continuado é uma alternativa para suspender a menstruação. Em momentos mais graves, concomitantemente ao uso do anticoncepcional comum, existe também uma rotina a ser seguida, favorecendo a melhora dos sintomas, sendo:
Considerando o caráter somático da TPM, a psicoterapia baseada na abordagem comportamental cognitiva permitirá identificar, compreender e alterar os sintomas psicológicos, favorecendo melhora no quadro geral da síndrome de tensão pré-menstrual, permitindo a retomada do autocontrole e melhora na qualidade de vida nas áreas diversas do dia a dia, como a família, relacionamentos, trabalho, estudos, etc.
Bruno Moraes de Souza
Psicólogo Comportamental Cognitivo
CRP-06/119065